Após o temporal com chuvas torrenciais e ventos de aproximadamente 80 km por hora, de acordo com a SMSU e a Defesa Civil, a cidade contabilizou inúmeros casos de quedas de árvores, as quais desabaram ou caíram sobre veículos, pessoas ou mesmo residências e, não raro, se projetaram sobre a fiação elétrica provocando transtornos para a população.

Tanto é verdade, que, no domingo posterior à noite da tempestade ocorrida na última sexta-feira, ainda havia milhões de pessoas sem energia elétrica, bem como estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços ainda fechados por falta de eletricidade.

Segundo a ENEL, convém esclarecer que a pronúncia correta em nosso idioma é oxítona e não paroxítona, assim como a palavra ANEL é igualmente oxítona. Em suma, somente seria paroxítona se tivesse acento circunflexo e se fosse grafada ÊNEL.

Bem, toda a mídia, bem como a população, senão também o governo, tendem a responsabilizar a referida concessionária pelos danos causados pelo vendaval do último dia 11, noite de sexta-feira.

Entretanto, vejamos o contexto do problema e não apenas uma visão estreita e simplista como sói acontecer, pelo que algumas ponderações merecem ser consideradas, basicamente a questão da preservação arbórea e o da fiação elétrica aérea que, na verdade, ocasionaram as vicissitudes sob exame..

Quanto ao cuidado com as árvores, merece lembrada a avaliação do INSTITUTO ACENDE BRASIL, segundo o qual 90% dos danos foram originados por quedas de árvores sobre a fiação de energia elétrica. A propósito, o trato das árvores deixa muito a desejar, opinião comungada por Cláudio Salles, Presidente da referida entidade. Ouçamo-lo, pois: “Se você tivesse essas árvores melhores tratadas, nesse aspecto preventivamente, você não teria as duas mil quedas, teria um número menor, não sei quão menor e, portanto, teria menos desligamentos” (Site CNN; 21-1-24).

Outro aspecto que culmina para a concretização do questionado Apagão e seus graves desdobramentos, consiste na anacrônica fiação elétrica aérea, quando cidades como Amsterdã, Buenos Aires, Barcelona, Paris e Londres, dentre muitas, adotam o sistema de fiação subterrânea, sendo que Paris e Londres assim o fazem há mais de cem anos!!!

Em suma, se as árvores fossem mais bem tratadas e se a fiação elétrica fosse subterrânea, nada teria acontecido. É dizer, são medidas privativas do Poder Público.

 

POST SCRIPTUM

Valor dos impostos incidentes sobre energia elétrica:> 40.28%!!!

Custo da energia elétrica no Brasil e nos EUA: Estados unidos =R$ 0.232/kwh; Brasil = R$ 0.333/kwh

EDUARDO JARDIM MESTRE E DOUTOR EM DIREITO DO ESTADO PELA PUCSP PROFESSOR EMÉRITO NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE